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Quem Casa Quer Casa

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O presente título me remete a analisar o fenómeno habitacional, tendo em conta a necessidade primária para a acomodação dos seres humanos e seus familiares.
Não sei porque carga de água o homem, enquanto ser pensante, descobriu ainda na pré-historia que dada as suas valências, deveria diferenciar-se de outros animais e deixar a forma rústica de viver, para se albergar no interior de quatro paredes e fugir as intempéries da natureza.

Não é em vão que durante a apresentação do namorado depois dos devidos questionamentos: “de que província e quem são os pais, vem as perguntas económicas: “O que é que o menino faz? Trabalha? Se sim, onde? Só estuda? Estuda o quê?
Passando pelo crivo do bem-estar, nota-se que os progenitores e afins estão preocupados com o futuro da filha, não venha aparecer um desses kunangas da chacha para destruir todo o investimento feito a ela, durante aproximadamente duas dezenas de anos.

Se medirmos bem o interesse por detrás desta preocupação que até certo ponto genuína, um dos contrapesos é a necessidade do casal, vir a ter casa própria a curto ou médio prazo, não importa se alugada no início, contruída ou comprada. Muitas das vezes, como foi o meu caso, os sogros se predispõem a dispensar o anexo para que o novo casal, possa desde aí criar condições para encontrar espaço próprio. Essa solução nem sempre é a melhor, pois, inibe determinadas liberdades; entrar tarde e com alguns copos na cabeça, andar sem camisa no quintal, pôr os pês na mesinha de centro, ralhar os cunhados menores, etc, etc é quase que um insulto de lesa pátria.

Não é em vão que Toy Salgueiro na sua aflição tentou tudo e “já fez todas as diligências para comprar, um fogão e uma geleira e uma casa para morar, ah ah e formar o seu lar”.

No nosso contexto, o esquema para a obtenção de uma casa já sofreu várias metamorfoses. Depois da independência uma das soluções era encontrar uma casa deixada na retirada dos portugueses e ocupar, …assim do nada. Depois veio a fase de recurso ao Ministério da Habitação, que começou a controlar e gerir todo o património habitacional confiscado.

Sobre casas, existem muitas histórias para contar, tal como também cantou Toy Salgueiro: “É seu desejo melhorar”, de tal forma que devido ao longo conflito armado, a fuga para as cidades e na necessidade de sobreviver, deram surgimento aos “Tunga Ngo(s)” da vida, com as construções desordenadas, que ainda é o problema que estamos com ele e não se consegue resolver.
O mundo de quem casa, é cada dia mais agressivo e assimétrico, pois, enquanto uns choram, oram e lamentam por um quarto e sala para albergar dez membros de família, há quem se abona com uma mansão de vinte quartos, para morar ele, a mulher e um cão de sala.
Como diz um velho amigo: “cada um faz o que quer com o seu dinheiro, essa é a estrutura que o universo nos proporciona”. Diante deste dilema, como alguém que não se quer calar, vem a pergunta;
Assim está bom ou está mal?

Lauriano Tchoia

Especialista em inclusão financeira.

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