A Associação dos Guias e Intérpretes de Turismo do Namibe (AGTIN) manifestou esta semana um forte repúdio contra as construções que estão a surgir nas colinas do Deserto do Namibe, uma das zonas ecológicas mais sensíveis e emblemáticas do país. A denúncia, feita por Marta Manuel, presidente da associação e Embaixadora do Turismo em Moçâmedes, alerta para os riscos ambientais e urbanísticos que essas intervenções representam num território reconhecido internacionalmente pela sua biodiversidade única — onde se destaca a Welwitschia Mirabilis — e pelas paisagens geológicas que fazem do deserto um dos destinos ecoturísticos mais autênticos de Angola.
Segundo a AGTIN, as construções em curso motivadas, em parte, pela crescente procura de espaços turísticos e pela ausência de um plano de ordenamento territorial claro, estão a comprometer o equilíbrio ecológico da região. A impermeabilização do solo, o aumento de resíduos e a pressão sobre os recursos naturais são alguns dos impactos ambientais já visíveis. No plano turístico, a associação alerta que a autenticidade e o silêncio do deserto estão a ser substituídos por estruturas que descaracterizam o local e afastam o perfil de viajante que busca experiências genuínas. “Defendemos soluções móveis, temporárias e sustentáveis, que respeitem o território e garantam vivências sem comprometer a conservação”, afirmou Marta Manuel.
O apelo da AGTIN estende-se aos operadores turísticos, autoridades locais e investidores imobiliários, para que revejam os projetos em curso e priorizem práticas sustentáveis em zonas de alto valor ambiental. A associação sublinha que o desenvolvimento imobiliário não pode ignorar a vocação natural do território, nem repetir erros de urbanização descontrolada que já afetaram outras regiões do país.
Por: José Leandro
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