O mercado de arrendamento em Luanda tem enfrentado uma nova dinâmica, especialmente em
zonas como Talatona e o centro da cidade. A crescente procura por imóveis com rendas inferiores
a 1.000.000 AKZ revela não apenas o desejo de independência por parte dos jovens profissionais,
mas também a sua preferência por localizações próximas dos locais de trabalho.
No entanto, esta procura entra em choque com os valores praticados pelos proprietários, muitos
dos quais continuam a fixar preços acima da realidade do mercado. Quando não encontram
arrendatários dispostos a pagar os valores exigidos, optam por manter os imóveis fechados,
contribuindo para uma espécie de “bolha” no mercado de arrendamento.
Por outro lado, muitos destes jovens procuram conforto e modernidade, mas não estão dispostos a
pagar por isso. Existe ainda a ilusão de que é possível encontrar apartamentos baratos em edifícios
novos, enquanto rejeitam opções em edifícios coloniais, que apesar de mais antigos, oferecem
alternativas humildes e funcionais. Esta resistência, por vezes, acaba por gerar frustração e levar à
culpa injusta atribuída aos consultores imobiliários, vistos como responsáveis pela alegada inflação
dos preços.
As moradias no centro da cidade também têm registado pouca procura, sobretudo devido a
preocupações com a segurança e aos elevados custos de manutenção. Ainda assim, muitos
proprietários resistem à ideia de ajustar os preços, mantendo as propriedades inativas por longos
períodos.
O mercado imobiliário em Luanda precisa, mais do que nunca, de um ponto de equilíbrio entre a
realidade económica dos arrendatários e a expectativa dos proprietários. É fundamental promover
uma maior consciencialização sobre a valorização justa dos imóveis, bem como reforçar o papel do consultor imobiliário como mediador e facilitador, e não como vilão do processo. POR CARINA SANTOS, CONSULTORA IMOBILIÁRIA.
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